Autora: Cléa Dubeux Pinto Pimentel
Professora do Departamento de Biblioteconomia/CEAC/UFP
A informática ainda não entrou regulamente no currículo dos cursos de biblioteconomia existentes no Brasil, neste sentido as Escolas estão muito atrasadas e não vem se comportando como centros formadores e propagadores da nova forma de proceder e trabalhar que o emprego da informática propicionaria à biblioteconomia.
A posição das Escolas em não assumir plenamente o ensino das novas tecnologias da informação nos leva a diferentes reflexões sobre a forma como os professores vem se posicionando frente à realidade de um novo mercado que se apresenta para o bibliotecário. Neste sentido algumas questões se apresentam como preocupantes: O que irá acontecer com as bibliotecas para a deficiência dos cursos de biblioteconomia? Será que as bibliotecas terão condições de continuar servindo às crescentes necessidades de informações por parte dos usuários, ou será que outras entidades assumirão esse papel? Como poderão as bibliotecas se manterem atualizadas em relação às inovações tecnológicas da informação, se os cursos de biblioteconomia não formarem os profissionais com as qualificações necessárias?
O reconhecimento de que a informática está mudando o perfil profissional do bibliotecário é uma realidade que as Escolas de Biblioteconomia precisam assumir. A introdução da informática no currículo do curso, todavia, deverá ser norteada por uma filosofia que vise preparar o futuro bibliotecário para atuar numa área que não admite improvisações. E quem deverá ser apresentado primeiro ao computador não será o aluno, mas, o professor.
Será ele o que necessitará conhecer essa tecnologia, compreendê-la e deseja-lá. Há também um outro obstáculo, talvez mais sério à integração da informática ao ensino da biblioteconomia: é o problema dos equipamentos, ou seja, a existência de laboratórios equipados com microcomputadores para uso de alunos e professores. Será preciso muita obstinação por parte dos dirigentes de Escolas e dos coordenadores de cursos para descobrirem alguma fonte oculta de verbas para uma finalidade tão evidentemente essencial para o ensino de biblioteconomia.
Durante os últimos anos, com poucas exceções, não conhecemos nenhum esforço por parte das Escolas, para redirecionar a formação do bibliotecário, considerando as profundas mudanças que o ensino de biblioteconomia está passando no mundo inteiro. Não houve a sensibilidade para ver que o profissional a ser formado pelo curso de biblioteconomia não é apenas o bibliotecário, mas, sobretudo o profissional da informação.
Outros fatores adicionais atuam, em nossa opinião, para retardar a real mudança que deverá ocorrer no currículo do curso de biblioteconomia: em primeiro lugar, o ensino superior em geral, que é preso à tradição nos métodos de ensino/aprendizagem e nas perspectivas em relação a eles. Enfim, existem barreiras psicológicas à mudança.
Indiscutivelmente, temos que reconhecer que o ensino de biblioteconomia é um dos mais conservadores da universidade brasileira com relação aos seus próprios assuntos profissionais: seus currículos, os programas, sua atuação, seus enfoques e objetivos. É que o ensino de biblioteconomia é o que sempre foi e o que tende a continuar a ser, caso não haja um movimento de impacto que force a mudança. O que queremos salientar é que existe vima oposição intrínseca à renovação e que fortalece o tradicionalismo do atual sistema de ensino, uma vez que uma das suas principais finalidades é, de qualquer modo, a transmissão da "tradição". Assim, uma das principais tarefas da Escola de Biblioteconomia, ao dar atenção à renovação do perfil do profissional que deverá formar, é salientar a importância do desenvolvimento de novas técnicas educacionais, menos ênfase no documento impresso, mais atenção ao usuário e suas necessidades de informações, mais abertura à tecnologia da informação, mais esforço no campo da pesquisa, mais integração com a indústria da informação.
Disponível em: http://www.tempusactas.unb.br
Acho que essa matéria que estamos cursando contribuiu e muito para que artigos como esse não sejam mais feitos, só para lembrar do passado.
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